A água mina, o corpo chove, forma-se a correnteza.
As águas íntimas, transparentes, quentes e lascivas, monstram-se em suores, lágrimas e mucos.
Incontáveis gotas atravessam a fronteira da pele (território efêmero)... Algumas escorrem fugidias, outras rolam cansadas, as suicidas pulam e abismam-se de encontro ao mundo exterior.
A intenção deste projeto foi estabelecer a fusão de épocas, territórios, histórias e personagens. Assim como o pintor francês Édouard Manet esteve no Brasil em 1849, a pintora brasileira Tarsila do Amaral esteve por diversas vezes na França. Manet escandaliza a sociedade européia ao apresentar sua obra "Le Déjeuner sur L'herbe" 1863, e Tarsila surpreende a sociedade brasileira ao apresentar "Abaporu" 1928.
Nesta versão contemporânea os dois personagens (mulher nua e antropófago) míticos e escandalosos nos revisitam. Curiosamente percebemos que ambos possuem uma postura corporal semelhante, inclusive na sua passividade.
Este trabalho revela questões ligadas a identidade feminina.
A boneca aparece como objeto de projeção, reflexão, adoração; suporte e caminho para elaborações psicológicas. Através dela falo sobre aconchego, proteção, fertilidade, maternidade, sensualidade, sexualidade, conflitos, medos e prazeres femininos.
Nasci em São Paulo em 1958, cursei a Faculdade de Belas Artes de São Paulo, fiz cursos de extensão universitária na USP, ateliê orientado com Nazareth Pacheco e cursos com Edith Derdyk, entre outros.